DICAS
E finalmente chegamos aos últimos dias deste conturbado ano de 2014!
Nossas matérias neste período foram focadas em dicas de programação, comentários sobre reportagens que, de uma forma ou de outra, mexeram com nossa emoção e logicamente a nossa galeria de pets, que sempre faz o maior sucesso!
Para terminarmos este ano de forma mais suave e poética, resolvi publicar uma história que ouço desde muito pequena e que já faz parte da “herança de histórias de Dna Guiomar”, minha mãe!
É o relato de uma época mais suave e inocente, pois aqui estamos falando de fatos ocorridos em Itapeva, cidadezinha perdida no interior de São Paulo quase divisa com o Paraná, entre as décadas de 1930 e 1940 quando Dna Guiomar era ainda uma caipirinha muito da sapeca!
A incrível peleja do carneiro gigante de Dona Gertrudes contra a petizada do grupo escolar.
Como era de se esperar de uma cidadezinha como Itapeva, o “Grupo Escolar Acácio Piedade” era a única escola existente, por isso nela estudavam todas as crianças da região nesses idos de 1938.
Vale lembrar que se o progresso já era um tanto quanto escasso na capital – São Paulo – pode-se imaginar como era o interior naquele tempo. As casas eram verdadeiras chácaras e a criançada crescia livre, subindo em arvores, empinando pipas, brincando com toda a sorte de animais. Rádio? Alguns poucos mais abastados o possuíam... Geladeira? Raríssimas e movidas a querosene! Os fogões eram à lenha e as lingüiças, produzidas com a carne de suínos muitas vezes colegas das brincadeiras infantis, eram penduradas acima do fogão para serem defumadas. Televisão? Nem pensar que um dia poderia existir tal coisa! Assaltantes? Imagina! Um ou outro ladrão de galinhas. Tanto que a cadeia ficava com as portas das celas praticamente abertas a maior parte do tempo.
Pois bem, lá estudava a menina Teresinha, neta de Dna Gertrudes que além de parteira da cidade era também proprietária do tal carneiro. Para ilustrar a figura do bicho, basta imaginar um carneiro de chifres enormes, grande e gordo, com os pelos sujos e cheios de carrapichos. Era de assustar!
Quase todas as tardes no horário de saída do grupo escolar, vinha o bichão caminhando deste o “Mata Fome”, bairro meio afastado em que morava a parteira, até a porta do grupo para buscar a neta. Sim, o carneiro ia buscar a menina, afinal estamos em 1938 e os animais realmente andavam livremente pela cidade.
E essa era a hora mais esperada pela garotada! Primeiro, pela ansiedade da espera no ar: Estará o carneirão à nossa espreita?? Sim, pois ao saírem correndo e gritando pelo portão do grupo, o terrível e assustador carneiro gigante ficava enlouquecido e saia em desembestada carreira atrás dos mais afoitos, logicamente entre eles a menina Guiomar.
Era uma debandada geral! Após algumas perseguições mal sucedidas e outras terminadas em “cabeçadas”, voltava o gigantesco animal, ar de serviço cumprido, parava ao lado da menina Teresinha como a dizer: Pronto, agora podemos ir! E lá iam os dois para casa. Ela, com o ar resignado de quem teve que ficar olhando a diversão alheia e ele com um sorriso de vencedor em seus lábios caprinos.
No dia seguinte, a diversão da petizada era trocar relatos das terríveis histórias de perseguição e contabilizar cortes e arranhões!
Fonte:
Helena Jorge
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